Sinalização e acessibilidade
- Raphael Sued
- 27 de nov. de 2022
- 3 min de leitura
Por Raphael Sued (2º semestre)
O número de pessoas no Brasil com algum tipo de deficiência é muito alto, cerca de 45 milhões de pessoas, o que corresponde a 24% da população no país. Mesmo tendo conhecimento desses dados nenhuma das 27 capitais brasileiras apresenta condições ideais para a circulação de pedestres e pessoas com deficiência, isso de acordo com um estudo feito em 2019 pela Mobilize Brasil, um portal dedicado a conteúdos sobre a mobilidade e acessibilidade na área urbana, que em sua análise destacou que Belém é a pior capital do país em questões de acessibilidade e caminhabilidade.

Segundo a lei 12.587/12 é instituída a política nacional de mobilidade urbana, que estabelece diretrizes para um melhor desenvolvimento das cidades, busca proporcionar uma melhoria na mobilidade das pessoas e contribuir para o acesso universal à cidade. A capital paraense, ainda assim apresenta muitas irregularidades quando se trata da sua infraestrutura e de sua mobilidade, principalmente para PcD - sigla para pessoa(s) com deficiência. As ruas da cidade tem várias partes onde o acesso é muito difícil, seja por partes das calçadas que são mais altas que outras, pisos táteis para guiar pessoas com deficiência visual feitos apenas pela metade, a falta de sinalização, ocupação indevida do espaço, muitas vezes por lixo ou carros que não deveriam estacionar nesses espaços, asfalto danificado que complicam a movimentação também são denúncias diárias feitas por moradores da grande capital.
Sabendo disso, foi proposto um projeto no ambiente acadêmico da Estácio FAP, onde alunos do curso de Design Gráfico trabalharam em um projeto de sinalização na disciplina “sinalização ambiental” para um aumento da acessibilidade na instituição, o projeto foi dado aos alunos através do conceito de wayfinding, que se trata de uma evolução do design de interiores, para uma arquitetura com espaços mais acessíveis e com uma melhor mobilidade. O professor Marcus Dickson, responsável pela turma, compartilhou um pouco do seu pensamento sobre a intenção do projeto e como ele desejava afetar os estudantes: "Sinalização é mais do que pintar ou decorar salas, o wayfinding trabalha com comunicação, estratégia voltada para pensar pessoas. O aluno não tinha percebido como a sinalização constrói essa relação de pertencimento, um local onde ele não se sinta apenas bem, mas também parte do lugar".
Para o professor, o wayfinding precisa ser pensado por essa lógica de organizar a cidade para uma melhor experiência da população. Ou seja, "não é só a entrega de um trabalho, mas a ideia de uma proposta de comunicação", afirmou o prof. Dickson.

Para alguns alunos, o desafio foi assustador, mas eles refletem que apesar disso foi um exercício muito interessante e que abriu seus olhos para a inclusão, sendo um exercício extremamente válido. Pra Izabelle Cristina, estudante de design: “Foi bem assustador no início. O público-alvo eram pessoas com baixa visão e fazer um projeto de acessibilidade é algo muito delicado. Então, no início, foi bem assustador. Mas depois de desenvolver pesquisa e projeto, foi bem interessante incluir eles.”
Para a estudante, o ambiente acadêmico é um ambiente onde os alunos passam grande parte do seu tempo, então: "Se essas pessoas querem ser tratadas normalmente como qualquer outra, projetos de acessibilidade se fazem necessários nesses ambientes”, afirmou.
Durante a atividade houve uma união entre toda a turma, para compartilhar pensamentos e experiências sobre o assunto. Celynne Furtado, aluna que participou do projeto e também tem na família pessoas com deficiência, comentou sobre a sua experiência auxiliou na construção da proposta: “Participar do projeto foi bem legal: a sala toda se juntou pra fazer, todo mundo se interessou e conversou bastante sobre. Na minha família tem pessoas assim. Eu pedi ajuda delas também, porque eles não querem ser tratados como diferentes e sim como iguais. E pensamos em um projeto que se encaixava para todo mundo. E isso eu achei bem legal, porque não temos que excluir ninguém”, declarou.

A faculdade que já trabalha a acessibilidade no seu ambiente, por meio de piso tátil direcional que percorre toda a instalação e um mapa do local em braile, para um melhor direcionamento dos seus visitantes com deficiência, proporcionou aos seus alunos uma visão do porquê essa necessidade de adaptação do espaço é necessária. É uma forma de garantir o acesso a todos, para que atenda os direitos de acesso e mobilidade. No entanto, isso também pode ser melhorado: "O aluno não tinha percebido o quanto, na verdade, a sinalização constrói uma relação de pertencimento. A comunicação visual provoca essa ideia de não se estar em um lugar onde as pessoas não se sintam apenas bem, mas sim parte do lugar", comenta o prof. Marcus Dickson. Para ele, o resultado do esforço dos alunos é muito positivo, pois eles trouxeram
"o desing de uma ideia madura. Não só um trabalho academico para ganhar nota, mas uma proposta de comunicação. E eu acho isso muito bom", afirmou o professor com satisfação pelo empenho de seus pupilos.
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