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TAMBOR DE MINA

A LUZ DA RESISTÊNCIA

Por Suellen Leite, Igor Almeida, Gabrielly Sobrinho, Camila Gaspar e Luis Azevedo.

A história

Tambor de Mina é uma das mais importantes manifestações culturais afro aqui no Brasil, a religião ganhou esse nome devido a importância do uso do tambor em seus rituais para produzir o som das “giras” e “mina” deriva de Nego-mina pertencente a São Jorge, denominação dada aos escravos originários da “Costa Situada a leste do Castelo de São Jorge da Mina” na atual República de Gana na África Ocidental

Quando os africanos foram trazidos para solo brasileiro, escravizados e proibidos de praticar suas religiões de origem, eles acabaram criando formas de manter suas crenças vivas em segredos dos seus senhores. Denominavam então as “Casas de Mina”, Com o passar dos anos milhares de etnias começaram a se misturar dentro da religião, ganhando ainda mais visibilidade.

A religião ficou popularmente conhecida no Brasil em 1750-1850, nesse período o foco de desembarque dos navios negreiros eram nas capitais, como o Vale de Itapecuru, nas Baixadas maranhenses, local onde havia muitas plantações como de algodão e cana-de-açúcar. E foi lá, nas terras do Maranhão que a religião ganhou força, e até os dias atuais o Maranhão é conhecido nacionalmente pelas suas casas de “Tambor de Mina”. Além do Maranhão, outros Estados brasileiros também tiveram grande participação na consolidação e desenvolvimento da religião no Brasil, é o caso do Piauí, Pará e Amazônia.

No Pará, o terreiro mais antigo tem cerca de 133 anos, conhecido popularmente pelo nome de “Terreiro de Mina Dois Irmãos” surgiu no dia 23 de agosto de 1890 na Passagem Pedreirinha, localizado no bairro do Guamá, em Belém. Liderado pela Mãe Josina que veio do Maranhão e liderou até 1929, e o consagrou ao culto do Vodun Tói Averequete. Em 12 de novembro de 2010 foi tombado a nível estadual pelo Departamento de Patrimônio Histórico Artístico e Cultural do Estado do Pará (DPHAC).

Rosa de Luyara

O templo Rainha Bárbara Soeira e Toy Azaká existe há mais de 26 anos e está localizado no Conjunto Benjamin Sodré, no Parque Verde, em Belém. Desde o início a casa é liderada por Rosa Luyara Da Silva Castro, uma mulher trans. Rosa, ou Mãe Rosinha é uma mulher de extrema importância para a comunidade transgênero de Belém e também para o povo do terreiro.

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No início da nossa gravação fiquei impressionada com o gesto que é feito pelos participantes da roda, como uma forma de saudação às pessoas que estão assistindo, e também entre seus companheiros, o participante passa de pessoa em pessoa para pegar na sua mão e dar um beijo, é comum também observar o mesmo gesto sendo praticado no meio da gira, quando os integrantes já estão incorporados, simbolizando humildade, fé, respeito e reconhecimento da importância daquele orixá para casa.

Nos dias atuais é muito comum ouvirmos pessoas falando sobre essas religiões, na maioria das vezes elas estão sempre sendo colocadas como as causadoras de sofrimento na vida de muitos que as tem como prática religiosa, mas ao entrar em lugar cheio de pessoas com fé, com alegria e vibrações boas, é quase impossível não pensar que a maior parte da sociedade nem se quer deu o trabalho de conhecer a fundo essa prática, as pessoas estão cheias de amor, cativadas por aquele momento, elas não estão praticando sua fé para ferir alguém, ou para causar dor a elas mesmas, elas fazem o que amam, o que dá vida a elas.

Tambor de Mina vai muito mais além do que estar com roupas bonitas, enfeitadas, muito mais além do que as pessoas dizem saber, os mistérios que essa religião esconde nas giras, no soar da música, do canto, nos olhos cheios de lágrima, está ligado a algo maior, e nós de fora da religião só podemos ficar gratos por ter a chance de vê de conhecer e apreciar algo tão íntimo e maravilhoso.

Representatividade

A presença de uma líder religiosa que atua de frente com tanta diversidade, mostra que é sim possível conciliar fé e identidade de gênero, desafiando os estereótipos e o preconceitos arraigados em de uma sociedade conservadora, mostrando resiliência a seu povo, contribuindo assim para a construção de uma sociedade mais inclusiva e respeitosa, Rosa Luyara é a representação de uma mulher forte, guerreira e determinada que lutou e ainda luta pelo seu espaço, pelos seus direitos, sem se deixar abater pelas dificuldades que é exposta diariamente pela sociedade.

Conhecer uma casa, um terreiro que acolhe pessoas que fazem parte da comunidade LGBTQIA +, mostra que o caminho a se seguir é o da aceitação, somente com o respeito e tolerância poderemos construir uma sociedade diversa, inclusiva e solidária com seu povo.

Veja também o acervo temporário de fotos criado para o trabalho tambor de mina templo rainha bárbara soeira e toy azaká:

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