Desafios na construção do hábito de leitura
- Laura Serejo
- 8 de nov. de 2022
- 4 min de leitura
O Dia Nacional do Livro foi comemorado no dia 29 de outubro. É uma data que celebra o dia em que a corte portuguesa trouxe a primeira biblioteca para as terras brasileiras. Logo, em homenagem a este dia falaremos um pouco sobre o hábito da leitura, principalmente para os estudantes brasileiros.
Apesar das muitas novidades tecnológicas, o estudante brasileiro não consome muito a leitura. E levando em conta a falta de democratização do livro, esse desafio se torna cada vez maior. Segundo pesquisa de 2021 publicada pela revista Gente, apenas 52% da população exerce o hábito de ler e em sua maioria mulheres e pessoas brancas. Ou seja, muito ainda precisa se discutir a respeito da importância pedagógica da leitura.
Mesmo que o nível de leitura esteja decaindo, em Belém, vemos muitos esforços para melhorar essa situação. Um grande exemplo é o acervo disponibilizado pela Biblioteca Artur Viana (Centur). Segundo o bibliotecário Edielson Rodrigues, o movimento na biblioteca, que tinha diminuído devido ao período pandêmico aumentou depois da grande diversificação de materiais disponíveis, como gibis, mangás, e outros tipos de literatura que atraem um público bem eclético.

Mas esse desejo de querer um futuro melhor para os jovens por meio da leitura não vem apenas de iniciativas governamentais. A biblioteca comunitária Nossa Biblioteca, localizada no bairro do Guamá, lida desde 1977 com a democratização da leitura, ajudando pessoas de todas as idades com doações e empréstimos de livros, e até ações para auxilio da comunidade como o plantão psicológico que ocorreu no dia 23 de outubro. Além disso, eles ainda abrem as portas para grupos de estudo e oficinas como a de confecção de estandartes realizada para o cortejo visagento, uma festividade de halloween.
A leitura dentro da formação acadêmica
O ato da leitura é uma das ferramentas essenciais para todos os nichos. Isso auxilia em especial os universitários, já que este hábito contribui na expansão do vocabulário, reflexão e conhecimento de mundo e ajuda a entender melhor as informações diárias. Em uma simples conversa é possível notar a diferença entre uma pessoa que não exercita o hábito frequentemente e uma leitora assídua.
O aluno Italo Rocha, de publicidade e propaganda, diz que não vê dificuldades no âmbito acadêmico, mas lê apenas o necessário. “Quando mais novo, costumava ler com frequência, durante o crescimento acabei por perder o apreço pela leitura e só leio o indispensável ou algo que me interesse bastante”, afirma. Além disso, o rapaz adiciona também, que na escola tinha que ler livros contra sua vontade e isso não o ajudou na construção desse hábito.

Já a aluna de design gráfico, Anna Carvalho, ao ser questionada sobre a facilidade e desafios que enfrenta por gostar de ler respondeu que “A facilidade está no entendimento de mundo e facilidade de imersão em temas complexos. Porém, tenho dificuldades as vezes de ler textos muito técnicos” . Ela também diz sobre a grande facilidade e maior acesso à livros devido a leitura virtual.
Nota-se que o hábito independe do curso, mas deve ser reforçado em todas as idades dando atenção ao gênero que mais atrai o leitor, para que assim o mesmo siga sendo incentivado a ler e exercer esse hábito fundamental. E a Estácio-FAP colabora para a expansão cultural e acadêmica dos alunos. É possível ver esse empenho no grande acervo da biblioteca e, em especial, da biblioteca virtual, que conta com vários livros de domínio público e que possui um acervo que foge somente de artigos universitários.
Apesar de possuir uma grande coletânea, infelizmente poucos sabem da facilidade do acesso e quais os livros disponíveis. Ao ser questionada sobre isso, a bibliotecária Hanna Martins fala da nova ação de imersão à leitura da biblioteca: agora, qualquer pessoa pode doar e/ou pegar um livro emprestado da estante que fica logo na entrada do espaço. A colaboradora também diz que “A biblioteca universitária, está ligada diretamente ao mercado de trabalho. Então, todo o conhecimento disponibilizado pela biblioteca é voltado a isso. E como na instituição temos os dois nichos, presencial e online, também é possível ver dois tipos de alunos interessados”.

Mesmo diante da dificuldade em tornar o espaço mais popular entre os alunos, Hanna fala a respeito do constante crescimento de alunos na biblioteca após o período pandêmico. O que mostra a volta do interesse a algo que estava sendo deixado de “lado”, mas, devido o período de lockdown, retornou a rotina de muitos estudantes.
Do ponto de vista pedagógico, segundo a diretora acadêmica e pedagoga Alana Lins, a faculdade Estácio-FAP, apesar de incentivar a leitura, não nota um grande rendimento e entusiasmo dos alunos devido a extrema imersão na tecnologia. E isso dificulta a vivência acadêmica dos discentes na hora de apresentar artigos e livros para um melhor aprendizado. Ela diz que, apesar das tecnologias presentes na atualidade, a leitura sempre será o método mais importante e eficaz para adquirir aprendizado.

Por isso, é extremamente necessário novos incentivos que englobe todas as áreas, dando ênfase no âmbito tecnológico, para assim tentar se adaptar ao novo mundo multimidiático sem perder de vista a importância que a leitura sempre terá a todos, auxiliando também, através de eventos de doações, pessoas de baixa renda, para que a leitura seja um ato democratizado e não elitista.
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