Em tom de rosa: histórias de luta marcam o mês de outubro
- leonribeiro42
- 8 de nov. de 2022
- 4 min de leitura
Por Leo Ribeiro (4º semestre)
e Raissa Ferreira (3º semestre)
Com a chegada de outubro os lacinhos cor-de-rosa ganham evidência pelas ruas da cidade. Desde broches em peças de roupa, cartazes, logotipos e outdoors de grandes empresas, eles estão por todo lugar. Tudo isso sob uma só campanha, o “outubro rosa”, mas você sabe qual a origem disso tudo?

Durante a década de 90', o Congresso Americano aprovou a escolha de outubro como o mês da campanha nacional de combate ao câncer de mama, oficializando o Outubro Rosa em todo o país. Com isso, popularizou-se a ação de iluminar prédios públicos e outros monumentos com luzes da cor característica da campanha. Foi justamente com uma ação semelhante que o “Outubro Rosa” desembarcou no Brasil em 2002. Na ocasião, um grupo de mulheres, em conjunto com uma marca de cosméticos europeia, adornou com luzes cor-de-rosa o Obelisco do Parque do Ibirapuera, na cidade de São Paulo.
O câncer de mama é uma doença que, predominantemente, acomete mulheres. A doença é caracterizada pelo aparecimento de um nódulo único não doloroso, endurecido na mama, vermelhidão ou presença de líquido nos mamilos. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), em 2021, no Brasil, foram estimados 66.280 casos novos registros, com um risco estimado de 61,61 casos a cada 100 mil mulheres. O tratamento pode variar de acordo com o estágio da doença, indo de quimioterapia (por meio do uso de medicamentos para eliminar as células malignas) até, em casos mais graves, a cirurgia de mastectomia (retirada completa do tumor e da mama afetada).
AZUL EM TOM DE ROSA

Com o objetivo de ampliar o processo de conscientização e reforçar a importância dos exames preventivos contra o câncer de mama, desde o ano de 2020, a Estácio FAP realizou eventos em alusão à campanha "Outubro Rosa". A Coordenadora do curso de Administração Lorena Magalhães cita a importância de promover programações alusivas ao Outubro Rosa: "O intuito dos eventos é conscientizar mulheres e homens sobre a importância da realização do exame preventivo, para verificar se está tudo bem com a sua mama, como é a doença e como ela se desenvolve".
RELATOS DE QUEM CELEBRA A COR DO MÊS
A fisioterapeuta Karina Coroa, de 41 anos, é um exemplo de como o câncer de mama pode ser agressivo em mulheres jovens. A fisioterapeuta considera que teve uma “inspiração divina” para realizar o exame de mamografia. Aos 35 anos, ela pediu para a ginecologista incluir nos exames de rotina o rastreamento para o câncer de mama, mesmo estando fora da faixa etária recomendada para isso. “Acredito muito em Deus e Ele me inspirou. Graças a isso, pude ter o diagnóstico logo. Já tinha feito a mamografia e ultrassom das mamas por dois anos. Em maio de 2019, senti uma dor na mama esquerda e conversei com minha médica para repetir os exames. Ela não achou necessário, porque havia feito o rastreamento em novembro de 2018, e não havia alterações. Mas insisti, e descobrimos um tumor em estágio 3. Era um nódulo perceptível ao toque e de crescimento acelerado”, conta Karina.
Ela fez quimioterapia de setembro de 2019 a fevereiro de 2020, seguida de cirurgia para a retirada total da mama esquerda e de radioterapia, até agosto de 2020. Agora, Karina continua o tratamento com medicação oral. “Foi um tempo bem difícil, porque tive que enfrentar o câncer durante a pandemia, mas não deixei de fazer o tratamento”, lembra. “Estava fraca fisicamente, mas voltei a trabalhar durante a radioterapia. Ver as crianças que eu atendia melhorando também me fortalecia”, afirma a fisioterapeuta, que hoje trabalha com crianças com paralisia cerebral. “Depois que passamos por dificuldades, o grande propósito é ajudar os outros”, conclui.
O diagnóstico do câncer fez com que Karina se tornasse uma mulher ainda mais prevenida. Hábitos mais saudáveis com a alimentação e a prática de atividades físicas foram incorporados à rotina dela e da família, bem como o acompanhamento médico regular e exames preventivos. “Minha irmã Renata, de 43 anos, não se preocupava com isso. Agora faz a mamografia e se cuida. Minha filha Milena tem apenas 15 anos, mas já começou a fazer os preventivos para cânceres ginecológicos”, destaca.
Pacientes como Karina têm indicação de fazer um estudo genético, pois é possível que o câncer seja causado por uma mutação no DNA da própria paciente ou por hereditariedade. Por isso, o estudo é indicado também para familiares em primeiro grau, como mãe, irmãs e tias, para verificar o risco da doença. Não é o caso da família de Karina, mas entre 5 a 10% dos cânceres de mama são hereditários. Mulheres com histórico de câncer de mama na família ou outros tipos de câncer (ginecológicos, em especial) podem ter indicações diferenciadas de prevenção.
O médico oncologista Jonas Bitencourt ressalta os principais fatores de risco da doença: “As mutações genéticas que podem ser transmitidas por familiares. Dentre essas, a principal mutação é a do gene BRCA1”. O BRCA1 é um dos genes que produzem proteínas que auxiliam na reparação do DNA danificado e atua como um "supressor" de tumor. Quando algum desses genes não funciona corretamente, a pessoa tem mais chances de desenvolver câncer ao longo da vida.
Além disso, o especialista também reforçou a importância de manter os exames preventivos em dia: "A mamografia de rastreamento no Brasil, segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), deve ser anual e a partir dos 40 anos”. O oncologista aproveitou para destacar, ainda, sobre uma das dúvidas mais comuns que envolvem o tema: o uso de pílulas anticoncepcionais. ”Não há necessidade das mulheres interromperem o uso do anticoncepcional que já utilizam. O ideal é que cada usuária do método avalie e discuta com seu médico sobre os riscos e os benefícios desta decisão”, afirmou o Dr. Jonas.
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